segunda-feira, 8 de junho de 2015

"O meu tesoiro" - Ana Luísa

Eu quis entrar no concurso de texto e escrevi a história do meu tesoiro.

Como não podia colocar videos no livro do concurso, vim colocá-los aqui.
E também mais algumas fotos, pois o livrinho é pequeno para tudo o que eu tenho para mostrar.

Estes sâo os nossos rolinhos a namorar.  

Eles fizeram um ninho muito simples no pinheiro em frente à varanda do meu irmão Luciano, em nossa casa, e a rolinha pôs lá dois ovinhos.

A rolinha é muito bonita e ficou muito quieta a chocar durante mais de duas semanas.
Com o vendaval daquele dia, muito frio e tanta chuva, ficou no ninho e teve sempre os ovos quentinhos debaixo dela.
Querem ver os filhotes já a espreitar? É que antes ela não os deixava ver.

Com eles ainda pequenos, saiu para comer e o pai rolo entrou logo para o ninho. 
Este é o Bolinhas que ficou a guardar o pinheiro. 

Que esforço faz a rolinha para alimentar os filhotes!

 Quando a mãe sai para se alimentar, os rolinhos ficam muito quietinhos, bem encostados um ao outro.
  

Já grandinhos e bem cobertos pelas penas, não cabiam todos no ninho.
Puderam então os pais descansar um pouco. E trocar uns miminhos...


Os rolinhos cresceram no ninho e ficaram completamente cobertos de penas em poucos dias. 



E chegou o dia em que sairam do ninho e espreitaram a rua.




Ainda seria cedo para voar?... ou não gostaram do mundo que nós criamos, com estradas pretas, máquinas poluidoras e barulhentas que andam depressa?
E... voltaram para a segurança do ninho, no pinheiro verde e bem cheiroso.

Este é o gato que insistiu em subir à árvore à procura dos rolinhos...
O Bolinhas deu-lhe uma grande corrida, pois quase lhe ia apanhando o rabo.
Finalmente, no dia seguinte, lá sairam do ninho e voaram; primeiro para a árvore ao lado, depois para o candeeiro onde os pais os chamavam.
Os rolinhos estão muitas vezes juntos e ainda querem que sejam eles a dar-lhes de comer, do seu bico como faziam no ninho...

Agora a nossa casa é tambéma a casa deles. Andam e voam por aqui.

E estamos todos em LIBERDADE.
Nenhum de nós gostaria de viver numa gaiola.


Com os filhotes criados, já vamos ter mais rolinhos. Ela está outra vez no ninho!
É a FAMÍLIA a crescer.
Podemos aprender muito com o empenho que eles têm uns pelos outros.


ANA LUÍSA - 8 de Junho de 2015


segunda-feira, 23 de março de 2009

O LUCIANO, A ANA LUÍSA E O COLIBRI

Fotos de desenhos originais de Orlando Pompeu



Luciano sentiu bicar na janela.
Foi ver quem era.
Era um passarinho.
Um colibri muito triste.
E, em voz alta, o Luciano questionou porque estaria tão triste aquele colibri, que não saía dali.
A Ana Luísa, que ouvira o comentário do irmão, e que também se entristeceu, referiu:
É porque não tem papinha para comer, tem fominha.



O Luciano abriu a janela ao colibri, para o quentinho do quarto.
Pegaram numas migalhinhas de pão e ele depenicou nas suas mãos.
Mas continuou triste.
Foram então os dois perguntar aos pais porque é que o colibri estaria tão triste.
E o pai disse que podia não ser coisa simples.
Podia não ser apenas fome, ou frio, ou mesmo apenas uma doença.
E esclareceu:



Temos alterado o meio ambiente.
Utilizamos e retiramos as plantas e animais dos seus locais originais.
Quando as plantas são retiradas do seu local, toda a vida animal que coexistia à sua volta fica desfasada e por sua vez vai tentar procurar outros locais.
Altera os seus hábitos e pode perder a vitalidade que lhe era inata. Muitas vezes perde mesmo a razão de ser, e condições para existir.
Muitos animais não sobrevivem às alterações, pois encontravam-se adaptados ao meio onde evoluíram durante milhares de anos.
Alterações bruscas como as que temos provocado actualmente no meio ambiente, têm efeitos catastróficos para animais e plantas que se haviam adaptado a esses meios e que se mantiveram estáveis durante milénios.
A procura de sobrevivência desses animais acaba por traze-los para zonas que nada têm que ver com eles, para as quais não estão adaptados e não conseguem sobreviver.



Não faço ideia como esse colibri conseguiu chegar aqui...
Deve andar perdido, com fome e afastado dos seus e do seu local de origem... só pode andar mesmo muito triste.
Faltam-lhe as plantas onde crescem as flores de campainha, das quais bebe o precioso néctar e se alimenta, parando no ar. É uma característica que mais nenhuma outra espécie de pássaros tem. Os colibris são de facto campeões no equilíbrio, a voar.
Como pode um campeão destes acabar assim tão triste?
É de facto o resultado da intervenção dos seres humanos na natureza, no habitat de todas as outras espécies.

Papá – referiram as crianças – temos que fazer alguma coisa. Não podemos deixar morrer o colibri!



Filhos, todos nós, com a nossa forma de viver, temos criado um problema bem maior que a sobrevivência deste colibri.
Está em causa a sobrevivência de muitas espécies, na forma de vida a que se adaptaram desde sempre.
Com todas estas alterações, os adultos ainda não perceberam que é a sobrevivência de todos que está em causa. Em pouco mais de cem anos, conseguiu-se destruir tanta coisa. Mas principalmente foram criadas condições ambientais para descontrolar o clima, a qualidade do ar e da água, de tal forma que se coloca em causa a manutenção da forma de viver tal como a conhecemos.
As emissões de dióxido de carbono, pela queima de combustíveis fósseis, provocaram um aumento global das temperaturas; isso está a provocar o degelo dos glaciares, que originam alterações nas correntes marítimas e nos ventos, nas chuvas. Ou seja: o clima nos continentes está a sofrer grandes alterações: Já não temos sol e chuva com a regularidade que antes tínhamos.
Com o degelo, o nível do mar também está a subir, levantando enormes problemas nas zonas costeiras, que são as mais habitadas.
A poluição das águas pelos detritos criados pelos homens tem também causas nefastas, aumentando-se a salinidade das águas, e provocando a morte da base da cadeia alimentar: o plâncton está a diminuir significativamente, pondo em causa inúmeras espécies. É uma alteração gravíssima nos mares, com consequências incalculáveis.

Papá: e porquê?


Ficou sem palavras o papá. Percebeu que o Luciano e a Ana Luísa tinham acabado de entender que os adultos fazem muitas coisas erradas.



Pois é, filhos. Os adultos não pensam no futuro de todos. São individualistas. São por vezes egoístas e comprometem o seu futuro e o dos descendentes. Dão cabo da natureza, que é o bem mais precioso que temos. Era bem melhor que os adultos tivessem continuado a ser sempre crianças.

E o Luciano e a Ana Luísa decidiram que iam tentar saber o que tinha acontecido, para que o colibri ali viesse parar tão triste. E que queriam ser sempre crianças, pois não iriam fazer o que fazem os adultos, ao comprometer o destino dos seres vivos, das plantas e dos animais.

Resolveram então que:
Iriam ser elas, as crianças, a mudar a mentalidade dos adultos, que são egoístas e teimosos. Não podia ser de outra forma, conforme transparecia a tristeza daquele colibri.
Iriam fazer reparo aos adultos em todas as coisas erradas que fazem, para que as crianças de hoje ainda tivessem a natureza para ver, para usufruir e não um futuro totalmente comprometido.



Para isso, decidiram comunicar com todas as crianças conhecidas para que, entre todos, possam mostrar aos adultos que devem manter os sentimentos de quando eram meninos.
Que devemos ter amor pela natureza e respeitá-la, para que ela nos respeite a todos. Que é o oposto do que se anda a fazer. Na natureza, sem as plantas e sem os animais, não há futuro.

E como é que os adultos não percebem isto? Até parece que não querem saber de si, nem dos seus filhos!



Foi então que o colibri voou pausadamente para a árvore em frente. Parecia mesmo compreender que as duas crianças o tinham entendido e iam também ajudar a natureza a retomar o seu rumo.

2009.03.23
Do Luciano e da Ana Luísa, a reenviar a todas as crianças, pela defesa do meio ambiente.